
A ModaLisboa 2025 abriu as suas portas no passado dia 6 de março para mais uma edição de criatividade, inovação e reflexão sobre o futuro da moda.
Durante quatro dias, a capital transformou-se no epicentro da moda nacional, com desfiles, conversas, instalações e apresentações que refletem a diversidade e o dinamismo da indústria em Portugal.
A 64ª edição da Lisboa Fashion Week decorreu de 6 a 9 de março de 2025, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa. Com o tema “CAPITAL”, o evento focou-se no impacto social, cultural e ambiental da indústria da moda, desafiando criadores e participantes a repensarem o futuro do setor.
Sustentabilidade e reflexão no arranque da edição
O primeiro dia da ModaLisboa começou com uma programação acessível e focada na sustentabilidade na moda. O destaque foi o workshop “Designing Change”, conduzido por Matteo Ward, ativista italiano e CEO da IO Fashion Textiles Home, que explorou a aplicação de princípios de desenvolvimento sustentável nos planos de negócios. Além disso, foram organizadas duas talks que aprofundaram o impacto cultural e social da moda, reforçando a necessidade de um modelo mais ético e responsável para o setor.
Já no fim do dia, foram exibidos os primeiros dois episódios da série documental JUNK que vem descobrir as verdades sobre a indústria da produção de roupa, contada através das histórias e imagens das pessoas e ecossistemas que sofrem diretamente o impacto negativo da fast fashion.
O regresso emocionante de Alves/Gonçalves
No dia 7 de março, um dos momentos mais marcantes foi o aguardado regresso de Alves/Gonçalves. Com o falecimento de Manuel Alves em maio de 2024, José Manuel Gonçalves subiu ao palco sozinho e apresentou uma coleção que , explorando o luto sentido pela marca, refletiu a sua renovação. A coleção, marcada por tons sóbrios e texturas envolventes, foi assim, reconhecida como uma homenagem sentida e uma afirmação de continuidade.
A 8 de março, Carlos Gil trouxe à passarela uma coleção dedicada à mulher contemporânea, combinando elegância e conforto. “Uma linha para mulheres apaixonadas pela vida, que sabem o que querem e não abdicam nem do estilo, nem do bem-estar”, definiu o designer.
Seguiu-se Luís Buchinho, que celebrou os seus 35 anos de carreira com uma coleção especial, desenvolvida em parceria com 27 alunos da Licenciatura de Moda da Universidade Lusófona do Porto. “Love” poderá ter sido a sua última coleção, uma vez que o designer já revelou planos de se dedicar ao ensino num futuro próximo.
O dia encerrou com a apresentação de Lidija Kolovrat, que apresentou uma coleção marcada por duas dimensões distintas: formas grandes e planas, que contrastam com estruturas dinâmicas, inspiradas nas emoções que o Fado desperta.
O encerramento em grande da 64ª edição
No último dia da ModaLisboa, o público sentiu a autenticidade de Dino Alves, cuja coleção refletiu a identidade de quem não se conforma com a vulgaridade.
Por sua vez, o regresso de Nuno Baltazar após um ano de ausência foi igualmente marcante. A coleção “Intermission”, centrada no preto, abordou um dos temas mais sensíveis da atualidade: a guerra na Ucrânia.
Valentim Quaresma, conhecido pelo seu trabalho na joalharia, apresentou uma coleção que destacou os acessórios, utilizando o preto como base para realçar diferentes materiais e texturas.
Por outro lado, Gonçalo Peixoto optou por uma abordagem mais leve e primaveril. A sua coleção destacou os tons quentes, padrões florais e materiais delicados, como sedas e organzas e ainda tecidos texturizados, numa harmonia sensível aos olhos e ao toque.
Com um equilíbrio entre homenagem, reflexão e inovação, a 64ª edição da ModaLisboa provou, mais uma vez, que a moda nacional está em constante evolução, abraçando o futuro sem esquecer as suas raízes.